``Desde o fim das operações militares na Europa e na Ásia, as desconfianças se agravaram, os mal-entendidos, as suspeitas, as acusações se acumularam de parte a parte; as oposições entre os aliados se aprofundaram e culminaram, em alguns anos, em um conflito que, em todos os domínios, assumiu um caráter de uma verdadeira guerra: A Guerra Fria, acompanhada de uma espetacular dissolução de alianças que caracteriza o segundo após-guerra; 1947 marca seu começo e 1953 só assiste aos primeiros sintomas de amenização.´´ (Maurice Crouzet)
No quadro Internacional, a oposição entre socialismo e capitalismo foi levada ao extremo após 1945, numa bipolarização política, ideológica, e militar que afetou todo o mundo contemporâneo.
As batalhas da Guerra Fria ocorreram em vários pontos do mundo, deixando claro que as relações internacionais estavam naquele momento submetidas aos interesses norte-americanos e soviéticos. Sem constituir um período homogêneo, devido ao agravamento das tensões seguido de distensão entre os polos rivais, a Guerra Fria durou até o fim da União Soviética, em 1991.
A Doutrina Truman e o Plano Marshall
No dia 12 de Março de 1947, o presidente norte-americano Harry Truman, nun discurso no Congresso, afirmou que os Estados Unidos se posicionariam a favor das Nações livres que desejassem resistir às tentativas de dominação. A meta de Truman era combater o Comunismo e a influência soviética, oficializando a Guerra Fria. No mesmo ano, o secretário de Estado, George Marshall, reforçou a posição norte-americana ao lançar o Plano Marshall, um programa de investimentos e de recuperação econômica para os países europeus em crise após a Guerra.( O Plano Marshall ajudou a reconstruir a Europa do pós-guerra e consolidou a liderança econômica norte-americana )
Em represália, a União Soviética criou o Kominform, organismo encarregado de conseguir a união dos principais partidos comunistas europeus, além de afastar da supremacia norte-americana os países sob sua influência, gerando o bloco da ´´Cortina de Ferro```.
Complementando a reação soviética, em 1949, foi criado o Comecon, uma réplica do Plano Marshall para os países socialistas, buscando sua integração econômico-financeira.
A Crise Grega
O agravamento das relações leste-oeste teve na Grécia um dos principais pontos de tensao. Ao final de Segunda Guerra, os Partisans, guerrilheiros gregos, iniciaram uma guerra civil contra o governo Tsaldaris, apoiados pelos Estados Socialista vizinhos. Entretanto, os quarenta mil soldados britânicos que ocupavam o país desde a Guerra, apoiando a facção anticomunista, impediram que os guerrilheiros alcançassem a vitória; estes, porém, permaneceram em luta. Em 1947, a situação econômica da Inglaterra obrigou-a a sair da Grécia. Diante do perigo comunista ainda existente e baseados na Doutrina Truman e no Plano Marshall, os Estados Unidos decidiram intervir econômica e milirtamente na Grécia.
O apoio norte-americano deu-se nos planos militar e econômicos: em 1947 por exemplo, ingressaram na Grécia aproximadamente 23 mil homens e 250 Milhões de dólares. Os combates entre os guerrilheiros comunistas e o governo arrasaram o país, causando dezenas de milhares de mortes e a destruição de sua economia.
Em 1949, os comunistas gregos, em desvantagem militar, declaram pelo rádio o fim da Guerra, abandonando a luta para evitar o fim da Grécia.
A Consolidação dos blocos antagônicos
Diante do revigoramento da Alemanha Ocidental, devido aos investimentos do Plano Marshall e à unificação administrativa, a União Soviética revidou, em 1948, impondo um Bloqueio Terrestre à cidade de Berlim, incrustada na parte Soviética. O ocidente Capitalista respondeu com o abastecimento da Berlim capitalista por via aérea, acirrando os ânimos e criando grande tensão internacional. No ano seguinte eram instituídas as duas Alemanhas, a ocidental - República Federal da Alemanha - e a oriental - República Democrática Alemã.Mais tarde, em agosto de 1961, foi construído o Muro de Berlim, que separou concretamente os dois lados da cidade e se tornou símbolo da separação Alemã e da Guerra Fria.
A derrubada do muro de Berlim em 1989, em meio ao colapso do socialismo real, por sua vez, ficou sendo o marco do final do período da Guerra Fria. À sua queda, em seguida, deu-se a reunificação da Alemanha.
Outros fatos significativos somaram-se a essa crescente tensão iternacional, como a criação, em abril de 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte ( OTAM ), uma aliança político-militar dos países ocidentais, composta inicialmente por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Bélgica, Paises Baixos, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Portugal e Itália, ao quais mais tarde juntaram-se Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental, opondo toda a Europa Ocidental à União Soviética.
Do lado Soviético, configurando o alinhamento ao bloco comunista, foi criado, em 1955, Pacto de Varsóvia, que unia as forças militares da Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia e Romênia. A bipolarização mundial atingia a sua plenitude.
Em meio a essa tensão, ocorreram, em 1949, a Revolução Chinesa e a explosão da primeira bomba atômica soviética. No ano seguinte, iniciou-se a Guerra da Coréia, um dos clímax da Guerra fria, a mais séria ameaça, até então, a paz Mundial depois da Segunda Guerra Mundial.
A Revolução Chinesa
No século XIX, a China foi dominada por várias potências capitalistas, especialmente a partir da Guerra do Ópio (1841). Essa exploração encontrou apoio nos Mandarins, funcionários do Estado Imperial, e nos senhores de terra, e embasava-se na filosofia de Confúcio, que pregava o respeito à autoridade e à hierarquia e o culto do passado, mantendo as tradicionais estruturas de privilégios, o que favorecia a dominação.
O século XX iniciou-se com a tentativa de derrubada desses valores e da dominação internacional que estrangulava o povo Chinês. A Revolta dos Boxers ( 1898/1901 )
foi uma dessas tentativas que, embora fracassada, despertou o descontentamento geral; a chama revolucionária e a conscientização da população de que a disnatia Manchu, que então governava a China e apoiava a dominação internacional, era a responsável pela miséria do país.
A república do Kuomintang
Em 1911, em meio à ebulição sociopolítica, foi proclamada a República Chinesa, com o estabelecimento de um governo que quase nada pôde fazer diante das potências imperialistas que ocupavam o país. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o domínio das potências européias foi encabeçado pelo Japão, enquanto o governo republicano, liderado por Sun Yat-sen, do partido Nacionalista (Kuomintang), sofria sucessivas pressões regionais pela autonomia, provocadas pelos chefes militares locais, além do contínuo domínio internacional.
Em 1919, um novo surto de contestações assolou o país devido às concessões sobre a China dadas ao Japão pelas potências vitoriosas, no tratado de Versalhes. Em 4 de maio de 1919, três mil estudantes universitários manifestaram-se contra a aceitação pelo governo das humilhantes exigências japonesas, marchando pelas ruas de Pequim. Os estudantes foram logo apoiados por outros setores, que promoveram greves e manifestações em todo o país. Uma dela ocorreu em 1920, em Xangai, influenciada pela Revolução Socialista Russa, enquanto Chen Tu-xiu fundava o partido Comunista Chinês , que contava com a participação de Peng-Pai e Mao Tsé-tung.
No inicio do da década de 20, o governo do Kuomintang conviveu sem grandes atritos com a União Soviética e o Partido Comunista Chinês(PCC), que crescia vertiginosamente. O objetivo imediato do governo era a unificação nacional, a luta contra o autonomismo dos senhores locais e as potências imperialistas e, para isso, contava com o apoio dos comunistas.
A partir de 1925, porém, Chiang Kai-shek assumiu o comando das tropas do Kuomintang e iniciou uma política agressiva contra o partido Comunista, rompendo a frente única. Os chefes militares locais, temendo a efervescência popular e o PCC, passaram a apoiar Chiang Kai-shek, bem aceito também pelas potências imperialistas, que passaram a ver o Kuomintang como vital para o futuro da China. Este esmagou pela força o movimento popular urbano.
Diante das derrotas sofridas nas cidades de Xangai e Pequim, o patido Comunista, sob a liderança de Mao Tsé-tung e Chu Teh, retirou-se para o campo a fim de organizar suas bases de apoio. Em 1931, proclamaram a República Soviética da China, em Kiangsi, no leste do país, transformando em centro e força do Partido Comunista Chinês.
Enquanto isso, Chiang Kai-shek mantinha a unidade do país à custa de uma série de acordos com os chefes militares locais, que, possuidores de uma independência parcial, comprometiam o próprio governo nacional. Apartir de 1930, a crise e as indefinições cresceram, originando uma Guerra Civil. Aproveitando-se da fragilidade chinesa, o Japão invadiu a Manchúria, em 1931, estabelecendo um Estado satélite - o Manchukuo - no norte do pais.
O Kuomintang passou a sofrer dupla pressão: do Imperialismo japonês e da ameaça comunista no campo.
Em 1934, os Nacionalistas organizaram uma grande campanha militar para esmagar os comunistas. Fugindo das tropas do Kuomintang, os cem mil homens de Mao Tsé-tung pecorreram 10 mil quilômetros a pé - a Longa Marcha(1934/1935) - , restando ao fim de um ano apenas 9 mil. Transformado no líder dos vermelhos, Mao Tsé-tung foi escolhido para secretário geral do PCC, sendo assessoriado por Lin-Piao e Chu En-lai.
Diante do insistente avanço japonês, Mao Tsé-tung prôpos a organização de uma nova frente única - Kuomintang e PCC -, o que levou a um acordo, concluído em 1937. Até o final da Segunda Guerra Mundial essa frente única deu ao PCC o controle de parte do exército chinês, além de uma crescente popularidade, ao denunciar a corrupção das tropas de de Chiang Kai-shek.
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A Revolução de Mao Tsé-tung
Com a capitulação do Japão na Segunda Guerra em agosto de 1945, Chiang Kai-shek decreta, em 4 de julho de 1946, uma mobilização nacional, a fim de eliminar definitivamente o ``Perigo Vermelho´´: era o retorno da Guerra Civil. Os Nacionalistas contavam com o apoio Norte-americano, que lhes forneciam recursos militares e financeiros, e por isso Chiang Kai-Shek passou a ser visto pelos chineses como ´´Cúmplice do estrangeiros.`` A União Soviética, enquanto isso, envolvida com seus próprios problemas de pós-guerra, adotava com a China uma política ambígua e hesitante, deixando sem apoio os guerrilheiros do Exército Popular de Libertação, que, mesmo assim, continuaram avançando e atacando o Kuomintang.
O exército do Pcc foi ganhando terreno, até que, em janeiro de 1949, entrou vitorioso vitorioso em Pequim, e, em 10 de outubro foi proclamada a República Popular da China. Chiang Kai-shek e seus seguidores refugiaram-se na ilha de Formosa ( Taiwan ), onde instalaram o governo da China Nacionalista, que recebeu intenso apoio norte-americano durante a Guerra da Coréia e toda a Guerra Fria. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos isolaram a China, negando-lhe reconhecimento diplomático e intercâmbio econômico.
A Guerra da Coréia (1950/1953)
A Coréia, dominada pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, foi, após a derrota do Eixo, em 1945, dividida entre os norte-americanos e soviéticos. Antes do término da guerra, já se havia determinado o paralelo 38º Norte como limite da atuação militar entre soviéticos e americanos, com o objetivo de acelerar a rendição japonesa em duas frentes. Após a guerra, no entanto, esse limite transformou-se em divisão real, surgindo dois Estados coreanos, sob ocupação de cada uma das duas potências: a República da Coréia, ao Sul, sob o domínio norte-americano, e a Repúbica Popular Democrática da Coréia do Norte, sob ocupação Soviética.
A divisão do país, as divergências político-ideológicas e a tensão gerada pela Guerra Fria desencandearam o confronto entre dois Estados, transformando a região do paralelo 38º em uma área de sucessivos conflitos armados. A vitória dos comunistas de Mao Tsé-tung na China, no final de 1949, serviu de motivação aos coreanos do Norte, que, em 1950, invadiram o Sul e conseguiram sua capitulação, buscando a unificação territorial da Coréia.
Na ONU, os Estados Unidos e seus aliados consideraram a Coréia do Norte agressora e intervieram, sob o comando do general MacArthur, para conter seu avanço. De outro lado, a China e União Soviética deram apoio aos Norte-Americanos, deixando, assim, evidente a bipolarização na Região. Diante do risco de uma guerra totalmente indesejada, as potências envolvidas forçaram iniciativas para obtenção de um acordo de paz.
Com a morte de Stálin, em março de 1953, abriu-se espaço para mudanças na política externa soviética, ao mesmo tempo que a eleição do novo presidente norte-americano, o republicano Dwight Eisenhower, acelerou as negociações para um armistício.(Armistício é a ocasião na qual as partes envolvidas num conflito armado concordam com o fim definitivo da guerra. É o instante anterior ao tratado de paz. A palavra deriva do latim: arma//arma e stitium//parar ) Finalmente, em 27 de junho de 1953, foi assinado um acordo de paz em Pan Munjon, restabelecendo as antigas fronteiras.
O custo da guerra foi bastante alto para ambos os lados: a Coréia do Sul sofreu trezentas mil baixa militares, os americanos dezenas de milhares e as forças da ONU mais de dessezete mil; as baixas chinesas e norte-coreanas estiveram entre 1,5 e dois Milhões, e cerca de um Milhão de civis pereceu tanto na Coréia do Norte como na do Sul. A paz de Pan Munjon , logo após a morte de Stálin, impulsionou a aproximação entre a União Soviética e os Estados Unidos, encerrando a fase crítica.
As batalhas da Guerra Fria ocorreram em vários pontos do mundo, deixando claro que as relações internacionais estavam naquele momento submetidas aos interesses norte-americanos e soviéticos. Sem constituir um período homogêneo, devido ao agravamento das tensões seguido de distensão entre os polos rivais, a Guerra Fria durou até o fim da União Soviética, em 1991.
A Doutrina Truman e o Plano Marshall
No dia 12 de Março de 1947, o presidente norte-americano Harry Truman, nun discurso no Congresso, afirmou que os Estados Unidos se posicionariam a favor das Nações livres que desejassem resistir às tentativas de dominação. A meta de Truman era combater o Comunismo e a influência soviética, oficializando a Guerra Fria. No mesmo ano, o secretário de Estado, George Marshall, reforçou a posição norte-americana ao lançar o Plano Marshall, um programa de investimentos e de recuperação econômica para os países europeus em crise após a Guerra.( O Plano Marshall ajudou a reconstruir a Europa do pós-guerra e consolidou a liderança econômica norte-americana )
Em represália, a União Soviética criou o Kominform, organismo encarregado de conseguir a união dos principais partidos comunistas europeus, além de afastar da supremacia norte-americana os países sob sua influência, gerando o bloco da ´´Cortina de Ferro```.
Complementando a reação soviética, em 1949, foi criado o Comecon, uma réplica do Plano Marshall para os países socialistas, buscando sua integração econômico-financeira.
A Crise Grega
O agravamento das relações leste-oeste teve na Grécia um dos principais pontos de tensao. Ao final de Segunda Guerra, os Partisans, guerrilheiros gregos, iniciaram uma guerra civil contra o governo Tsaldaris, apoiados pelos Estados Socialista vizinhos. Entretanto, os quarenta mil soldados britânicos que ocupavam o país desde a Guerra, apoiando a facção anticomunista, impediram que os guerrilheiros alcançassem a vitória; estes, porém, permaneceram em luta. Em 1947, a situação econômica da Inglaterra obrigou-a a sair da Grécia. Diante do perigo comunista ainda existente e baseados na Doutrina Truman e no Plano Marshall, os Estados Unidos decidiram intervir econômica e milirtamente na Grécia.
O apoio norte-americano deu-se nos planos militar e econômicos: em 1947 por exemplo, ingressaram na Grécia aproximadamente 23 mil homens e 250 Milhões de dólares. Os combates entre os guerrilheiros comunistas e o governo arrasaram o país, causando dezenas de milhares de mortes e a destruição de sua economia.
Em 1949, os comunistas gregos, em desvantagem militar, declaram pelo rádio o fim da Guerra, abandonando a luta para evitar o fim da Grécia.
A Consolidação dos blocos antagônicos
Diante do revigoramento da Alemanha Ocidental, devido aos investimentos do Plano Marshall e à unificação administrativa, a União Soviética revidou, em 1948, impondo um Bloqueio Terrestre à cidade de Berlim, incrustada na parte Soviética. O ocidente Capitalista respondeu com o abastecimento da Berlim capitalista por via aérea, acirrando os ânimos e criando grande tensão internacional. No ano seguinte eram instituídas as duas Alemanhas, a ocidental - República Federal da Alemanha - e a oriental - República Democrática Alemã.Mais tarde, em agosto de 1961, foi construído o Muro de Berlim, que separou concretamente os dois lados da cidade e se tornou símbolo da separação Alemã e da Guerra Fria.
A derrubada do muro de Berlim em 1989, em meio ao colapso do socialismo real, por sua vez, ficou sendo o marco do final do período da Guerra Fria. À sua queda, em seguida, deu-se a reunificação da Alemanha.
Outros fatos significativos somaram-se a essa crescente tensão iternacional, como a criação, em abril de 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte ( OTAM ), uma aliança político-militar dos países ocidentais, composta inicialmente por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Bélgica, Paises Baixos, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Portugal e Itália, ao quais mais tarde juntaram-se Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental, opondo toda a Europa Ocidental à União Soviética.
Do lado Soviético, configurando o alinhamento ao bloco comunista, foi criado, em 1955, Pacto de Varsóvia, que unia as forças militares da Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia e Romênia. A bipolarização mundial atingia a sua plenitude.
Em meio a essa tensão, ocorreram, em 1949, a Revolução Chinesa e a explosão da primeira bomba atômica soviética. No ano seguinte, iniciou-se a Guerra da Coréia, um dos clímax da Guerra fria, a mais séria ameaça, até então, a paz Mundial depois da Segunda Guerra Mundial.
A Revolução Chinesa
No século XIX, a China foi dominada por várias potências capitalistas, especialmente a partir da Guerra do Ópio (1841). Essa exploração encontrou apoio nos Mandarins, funcionários do Estado Imperial, e nos senhores de terra, e embasava-se na filosofia de Confúcio, que pregava o respeito à autoridade e à hierarquia e o culto do passado, mantendo as tradicionais estruturas de privilégios, o que favorecia a dominação.
O século XX iniciou-se com a tentativa de derrubada desses valores e da dominação internacional que estrangulava o povo Chinês. A Revolta dos Boxers ( 1898/1901 )
foi uma dessas tentativas que, embora fracassada, despertou o descontentamento geral; a chama revolucionária e a conscientização da população de que a disnatia Manchu, que então governava a China e apoiava a dominação internacional, era a responsável pela miséria do país.
A república do Kuomintang
Em 1911, em meio à ebulição sociopolítica, foi proclamada a República Chinesa, com o estabelecimento de um governo que quase nada pôde fazer diante das potências imperialistas que ocupavam o país. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o domínio das potências européias foi encabeçado pelo Japão, enquanto o governo republicano, liderado por Sun Yat-sen, do partido Nacionalista (Kuomintang), sofria sucessivas pressões regionais pela autonomia, provocadas pelos chefes militares locais, além do contínuo domínio internacional.
Em 1919, um novo surto de contestações assolou o país devido às concessões sobre a China dadas ao Japão pelas potências vitoriosas, no tratado de Versalhes. Em 4 de maio de 1919, três mil estudantes universitários manifestaram-se contra a aceitação pelo governo das humilhantes exigências japonesas, marchando pelas ruas de Pequim. Os estudantes foram logo apoiados por outros setores, que promoveram greves e manifestações em todo o país. Uma dela ocorreu em 1920, em Xangai, influenciada pela Revolução Socialista Russa, enquanto Chen Tu-xiu fundava o partido Comunista Chinês , que contava com a participação de Peng-Pai e Mao Tsé-tung.
No inicio do da década de 20, o governo do Kuomintang conviveu sem grandes atritos com a União Soviética e o Partido Comunista Chinês(PCC), que crescia vertiginosamente. O objetivo imediato do governo era a unificação nacional, a luta contra o autonomismo dos senhores locais e as potências imperialistas e, para isso, contava com o apoio dos comunistas.
A partir de 1925, porém, Chiang Kai-shek assumiu o comando das tropas do Kuomintang e iniciou uma política agressiva contra o partido Comunista, rompendo a frente única. Os chefes militares locais, temendo a efervescência popular e o PCC, passaram a apoiar Chiang Kai-shek, bem aceito também pelas potências imperialistas, que passaram a ver o Kuomintang como vital para o futuro da China. Este esmagou pela força o movimento popular urbano.
Diante das derrotas sofridas nas cidades de Xangai e Pequim, o patido Comunista, sob a liderança de Mao Tsé-tung e Chu Teh, retirou-se para o campo a fim de organizar suas bases de apoio. Em 1931, proclamaram a República Soviética da China, em Kiangsi, no leste do país, transformando em centro e força do Partido Comunista Chinês.
Enquanto isso, Chiang Kai-shek mantinha a unidade do país à custa de uma série de acordos com os chefes militares locais, que, possuidores de uma independência parcial, comprometiam o próprio governo nacional. Apartir de 1930, a crise e as indefinições cresceram, originando uma Guerra Civil. Aproveitando-se da fragilidade chinesa, o Japão invadiu a Manchúria, em 1931, estabelecendo um Estado satélite - o Manchukuo - no norte do pais.
O Kuomintang passou a sofrer dupla pressão: do Imperialismo japonês e da ameaça comunista no campo.
Em 1934, os Nacionalistas organizaram uma grande campanha militar para esmagar os comunistas. Fugindo das tropas do Kuomintang, os cem mil homens de Mao Tsé-tung pecorreram 10 mil quilômetros a pé - a Longa Marcha(1934/1935) - , restando ao fim de um ano apenas 9 mil. Transformado no líder dos vermelhos, Mao Tsé-tung foi escolhido para secretário geral do PCC, sendo assessoriado por Lin-Piao e Chu En-lai.
Diante do insistente avanço japonês, Mao Tsé-tung prôpos a organização de uma nova frente única - Kuomintang e PCC -, o que levou a um acordo, concluído em 1937. Até o final da Segunda Guerra Mundial essa frente única deu ao PCC o controle de parte do exército chinês, além de uma crescente popularidade, ao denunciar a corrupção das tropas de de Chiang Kai-shek.
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A Revolução de Mao Tsé-tung
Com a capitulação do Japão na Segunda Guerra em agosto de 1945, Chiang Kai-shek decreta, em 4 de julho de 1946, uma mobilização nacional, a fim de eliminar definitivamente o ``Perigo Vermelho´´: era o retorno da Guerra Civil. Os Nacionalistas contavam com o apoio Norte-americano, que lhes forneciam recursos militares e financeiros, e por isso Chiang Kai-Shek passou a ser visto pelos chineses como ´´Cúmplice do estrangeiros.`` A União Soviética, enquanto isso, envolvida com seus próprios problemas de pós-guerra, adotava com a China uma política ambígua e hesitante, deixando sem apoio os guerrilheiros do Exército Popular de Libertação, que, mesmo assim, continuaram avançando e atacando o Kuomintang.
O exército do Pcc foi ganhando terreno, até que, em janeiro de 1949, entrou vitorioso vitorioso em Pequim, e, em 10 de outubro foi proclamada a República Popular da China. Chiang Kai-shek e seus seguidores refugiaram-se na ilha de Formosa ( Taiwan ), onde instalaram o governo da China Nacionalista, que recebeu intenso apoio norte-americano durante a Guerra da Coréia e toda a Guerra Fria. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos isolaram a China, negando-lhe reconhecimento diplomático e intercâmbio econômico.
A Guerra da Coréia (1950/1953)
A Coréia, dominada pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, foi, após a derrota do Eixo, em 1945, dividida entre os norte-americanos e soviéticos. Antes do término da guerra, já se havia determinado o paralelo 38º Norte como limite da atuação militar entre soviéticos e americanos, com o objetivo de acelerar a rendição japonesa em duas frentes. Após a guerra, no entanto, esse limite transformou-se em divisão real, surgindo dois Estados coreanos, sob ocupação de cada uma das duas potências: a República da Coréia, ao Sul, sob o domínio norte-americano, e a Repúbica Popular Democrática da Coréia do Norte, sob ocupação Soviética.
A divisão do país, as divergências político-ideológicas e a tensão gerada pela Guerra Fria desencandearam o confronto entre dois Estados, transformando a região do paralelo 38º em uma área de sucessivos conflitos armados. A vitória dos comunistas de Mao Tsé-tung na China, no final de 1949, serviu de motivação aos coreanos do Norte, que, em 1950, invadiram o Sul e conseguiram sua capitulação, buscando a unificação territorial da Coréia.
Na ONU, os Estados Unidos e seus aliados consideraram a Coréia do Norte agressora e intervieram, sob o comando do general MacArthur, para conter seu avanço. De outro lado, a China e União Soviética deram apoio aos Norte-Americanos, deixando, assim, evidente a bipolarização na Região. Diante do risco de uma guerra totalmente indesejada, as potências envolvidas forçaram iniciativas para obtenção de um acordo de paz.
Com a morte de Stálin, em março de 1953, abriu-se espaço para mudanças na política externa soviética, ao mesmo tempo que a eleição do novo presidente norte-americano, o republicano Dwight Eisenhower, acelerou as negociações para um armistício.(Armistício é a ocasião na qual as partes envolvidas num conflito armado concordam com o fim definitivo da guerra. É o instante anterior ao tratado de paz. A palavra deriva do latim: arma//arma e stitium//parar ) Finalmente, em 27 de junho de 1953, foi assinado um acordo de paz em Pan Munjon, restabelecendo as antigas fronteiras.
O custo da guerra foi bastante alto para ambos os lados: a Coréia do Sul sofreu trezentas mil baixa militares, os americanos dezenas de milhares e as forças da ONU mais de dessezete mil; as baixas chinesas e norte-coreanas estiveram entre 1,5 e dois Milhões, e cerca de um Milhão de civis pereceu tanto na Coréia do Norte como na do Sul. A paz de Pan Munjon , logo após a morte de Stálin, impulsionou a aproximação entre a União Soviética e os Estados Unidos, encerrando a fase crítica.