Como a Espanha e Portugal faziam parte do acordo, a Santa Aliança se arrogava o direito de intervir nas colônias desses países caso elas tentassem emacipar-se. Na própria Europa, os exércitos internacionais da organização contiveram numerosas rebeliões.
O congresso de Viena se reuniu entre setembro de 1814, depois da primeira abdicação de Napoleão, e junho de 1815. Não dissolveu, portanto, durante os ``Cem dias ´´ em que Bonaparte voltou a governar. Dele participaram 216 delegações em toda a Europa, até mesmo de pequenos principados. Mas as forças decisivas da reunião foram as quatro grandes potências vencedoras: Rússia, Áustria, Inglaterra e Prússia. De todos os delegados, a figura que mais se destacou foi a do príncipe austríaco Mentternich, principal articulador da Santa Aliança.
Por sua vez, as discórdias existentes entre os países vencedores foram usadas com habilidade pelo ministro francês Talleyrand. A busca do equilíbrio entre as principais potências favoreceu a França, que acabou não sendo desmembrada e loteada entre os vencedores. Pôde manter assim quase as mesmas fronteiras da época do Antigo Regime.
Dentre os princípios gerais propostos no Congresso de Viena, impôs-se o da legitimidade, sugerido por Talleyrand. Segundo esse princípio, os tronos usurpados por Napoleão, a começar pelo o da França, deveriam ser devolvidos a seus legítimos herdeiros, isto é, às dinastias que governavam antes da Revolução de 1789. Ao mesmo tempo, estabeleceu-se que cada país deveria voltar a ter os limites anteriores a esse período.
Entretanto, o mapa da Europa e o das Colônias mudaram bastante. A Prússia, por exemplo, aumentou seu território em quase 50%, passando de 190 mil km² em 1790 para 280 mil km². A Inglaterra anexou pontos estratégicos no caminho das Índias, nas Antilhas e no Mediterrâneo. Reafirmava, assim, sua supremacia nos mares. A Bélgica, antes dominada pela França, foi ligada à Holanda para evitar uma ação francesa sobre o porto de Antuérpia. A Rússia recebeu parte da Polônia, a Finlândia e a Bessarábia. A Áustria ficou com a Lombardia e Veneza, além da hegemonia política sobre a península Itálica.
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A Santa Aliança
Criada em setembro de 1815, a Santa Aliança surgiu de uma proposta do Czar da Rússia, Alexandre I. Além dele, assinaram o tratado que a instituiu o imperador da Áustria e o rei da Prússia. No texto, os três soberanos prometiam ajudar-se mutuamente ``em todas as ocasiões e em qualquer lugar ´´. Era o sinal verde para qualquer potência intervir em situações que colocassem em risco as monarquias “legítimas”. Fiel a seus princípios, a França de Luís XVIII aderiu à Aliança. A Inglaterra, contudo, ficou de fora.
Em 1818, o primeiro Congresso da Santa Aliança decidiu retirar as tropas de ocupação da França. Não era sinal de afrouxamento. Pouco depois, quando uma associação de estudantes germânicos provocou distúrbios durante as comemorações do terceiro centenário da Reforma Protestante, a repressão se abateu sobre eles com violência. As universidades passaram a ser vigiadas, as sociedades nacionalistas combatidas e os jornais censurados.
Em 1820, as posições liberais de militares contrários ao absolutismo na Espanha e no Reino das Duas Silícias insuflaram uma revolta que culminou na imposição de uma Constituição aos dois reis. Fernando VII, da Espanha, e seu primo Fernando I, das duas Silícias, fingiram aceitar, mas recorreram à Santa Aliança. Uma expedição militar, em 1823, pôs fim à revolta constitucionalista e reafirmou o poder absoluto nesses lugares.
Já por essa época, porém, o poder da Santa Aliança começava a declinar. Assim, ela não conseguiu abafar a rebelião dos gregos contra os turcos (1821-1827) nem impedir a independência das colônias da América do Sul. Criada para bloquear o avanço da forças liberais, em 1830 deixava de ter o papel relevante.
Criada em setembro de 1815, a Santa Aliança surgiu de uma proposta do Czar da Rússia, Alexandre I. Além dele, assinaram o tratado que a instituiu o imperador da Áustria e o rei da Prússia. No texto, os três soberanos prometiam ajudar-se mutuamente ``em todas as ocasiões e em qualquer lugar ´´. Era o sinal verde para qualquer potência intervir em situações que colocassem em risco as monarquias “legítimas”. Fiel a seus princípios, a França de Luís XVIII aderiu à Aliança. A Inglaterra, contudo, ficou de fora.
Em 1818, o primeiro Congresso da Santa Aliança decidiu retirar as tropas de ocupação da França. Não era sinal de afrouxamento. Pouco depois, quando uma associação de estudantes germânicos provocou distúrbios durante as comemorações do terceiro centenário da Reforma Protestante, a repressão se abateu sobre eles com violência. As universidades passaram a ser vigiadas, as sociedades nacionalistas combatidas e os jornais censurados.
Em 1820, as posições liberais de militares contrários ao absolutismo na Espanha e no Reino das Duas Silícias insuflaram uma revolta que culminou na imposição de uma Constituição aos dois reis. Fernando VII, da Espanha, e seu primo Fernando I, das duas Silícias, fingiram aceitar, mas recorreram à Santa Aliança. Uma expedição militar, em 1823, pôs fim à revolta constitucionalista e reafirmou o poder absoluto nesses lugares.
Já por essa época, porém, o poder da Santa Aliança começava a declinar. Assim, ela não conseguiu abafar a rebelião dos gregos contra os turcos (1821-1827) nem impedir a independência das colônias da América do Sul. Criada para bloquear o avanço da forças liberais, em 1830 deixava de ter o papel relevante.
REVOLUÇÕES NA AMÉRICA LATINA
A independência das colônias latino-americanas deve ser entendida como parte da crise do sistema colonial, que havia sofrido o primeiro abalo com a emancipação das Treze Colônias inglesas da América do Norte.
Três processos históricos se conjugaram para precipitar o curso dos acontecimentos: A Revolução Industrial inglesa, que impunha a busca de mercados consumidores e, portanto a destruição dos monopólios, peça essencial do sistema colonial; a Ruptura do equilíbrio político europeu resultante das guerras da Revolução Francesa e do Império Napoleônico, que levaram a Inglaterra a apoiar os movimentos de independência como forma de golpear os franceses; e o desenvolvimento das colônias, que entrou em choque com os entraves da política mercantilista e do sistema colonial.
A eles deve-se acrescentar a difusão das idéias iluministas, que contribuíram para a formação dos projetos de independência.
O primeiro movimento de independência vitorioso na América Latina ocorreu na Ilha de São Domingos, colônia francesa nas Antilhas. Ao contrário do que ocorreria mais tarde nas outras regiões do continente, ali a revolta assumia a forma de rebelião de escravos, liderada primeiro por Boukman e, logo em seguida, por François Dominique Toussaint, mais conhecido como Toussaint L´Ouveture. Ambos eram negros e haviam sido escravos.
L´Ouveture era um homem de idéias iluministas e republicanas. A rebelião começou em agosto de 1971. Os revoltosos exigiam que o governo da França, já em plena revolução, cumprisse suas promessas de igualdade e fraternidade entre todos os homens. Em 1801, Toussaint L´Ouveture assumiu o governo da Ilha. Para permitir o ato da independência, tropas de Napoleão invadiram o país e aprisionaram o presidente, que foi levado para Paris, onde morreu dois anos depois. Entretanto, a revolta dos escravos e de pessoas livres, agora liderados por Dessalines, um ex-escravo, continuou até a retirada dos franceses. A independência definitiva foi finalmente proclamada a 1º de janeiro de 1804, quando a ilha passou a ser chamada de Haiti, seu nome indígena.
As Colônias Ibéricas
A política econômica de Portugal e Espanha, baseada no mercantilismo, buscava desenvolver as metrópoles explorando as riquezas produzidas nas colônias. Tal política permitia apenas uma produção colonial que complementasse a européia, como a cultura de produtos agrícolas de origem tropical. Além disso, pelo Pacto Colonial, o comércio de cada colônia era monopólio da metrópole.
Mas nessa política começaram a surgir algumas brechas, que permitiram certo desenvolvimento às colônias. Ao criar universidades e liberar o comércio nas colônias, Carlos III (rei da Espanha de 1759 a 1788) estimulou seu desenvolvimento, assim como o anseio de libertação. Situação semelhante ocorreria mais tarde na colônia portuguesa, com a presença do príncipe Dom João no Rio de Janeiro.
De modo geral, as primeiras manifestações de descontentamento que surgiram na América dominada pelos Ibéricos não tiveram caráter separatista. Exprimiam, antes, o mal estar dos colonos com os abusos da metrópole, sua oposição à política mercantilistas e sua busca de liberdade econômica. O exemplo norte-americano, a influência do Iluminismo e a brusca mudança na situação política internacional, trazida por Napoleão, propiciaram a mudança desse cenário.
A política econômica de Portugal e Espanha, baseada no mercantilismo, buscava desenvolver as metrópoles explorando as riquezas produzidas nas colônias. Tal política permitia apenas uma produção colonial que complementasse a européia, como a cultura de produtos agrícolas de origem tropical. Além disso, pelo Pacto Colonial, o comércio de cada colônia era monopólio da metrópole.
Mas nessa política começaram a surgir algumas brechas, que permitiram certo desenvolvimento às colônias. Ao criar universidades e liberar o comércio nas colônias, Carlos III (rei da Espanha de 1759 a 1788) estimulou seu desenvolvimento, assim como o anseio de libertação. Situação semelhante ocorreria mais tarde na colônia portuguesa, com a presença do príncipe Dom João no Rio de Janeiro.
De modo geral, as primeiras manifestações de descontentamento que surgiram na América dominada pelos Ibéricos não tiveram caráter separatista. Exprimiam, antes, o mal estar dos colonos com os abusos da metrópole, sua oposição à política mercantilistas e sua busca de liberdade econômica. O exemplo norte-americano, a influência do Iluminismo e a brusca mudança na situação política internacional, trazida por Napoleão, propiciaram a mudança desse cenário.
A invasão dos exércitos napoleônicos na península Ibérica foi decisiva para o processo de libertação de suas colônias. A família real portuguesa e toda a sua corte mudaram-se para a América em 1808, e o rei Fernando VII, da Espanha, foi substituído por José Bonaparte, irmão do Imperador.
As reformas administrativas, políticas e econômicas empreendidas por Dom João na colônia portuguesa acentuaram seu desenvolvimento e favoreceram sua independência em 1822. A presença do rei também ajudou a manter a unidade territorial da imensa colônia, evitando que movimentos diversos a dividissem em várias nações.
Na América espanhola, a ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão enfraqueceu o controle da metrópole sobre as colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou sem êxito proclamar a independência do Vice Reino de Nova Espanha (México). Nova tentativa em 1813, novo fracasso: Hidalgo foi executado.
A conquista da independência veio em 1821, liderada pelo general Itúrbide, que se proclamou imperador. Obrigado a abdicar em 1823, terminou seus dias diante de um pelotão de fuzilamento. O México tornou-se então uma república federal independente.
Outras regiões latino-americanas logo seguiram o exemplo mexicano. Do Vice Reino de Nova Granada surgiram Venezuela, Colômbia e Equador, libertados por Simón Bolívar, respectivamente, em 1819 e 1822. O Vice Reino do Peru deu origem a três países: Peru, Chile e Bolívia.
No Chile, o movimento separatista foi iniciado em 1808 por Bernardo O´Higgins, que, juntamente com José de San Martin, preparou o exército dos Andes para lutar contra os espanhóis. Em 1818, sob o comando dos dois líderes, o Chile foi liberado e O´Higgins feito presidente. San Martín liderou ainda a independência do Peru em 1824, com a ajuda do inglês Lorde Cochrane, que venceu os espanhóis no mar. Em 1825, sob a liderança de Simón Bolívar e Antônio José de Sucre, a Bolívia também tornou-se independente.
Do Vice Reino do Prata surgiram outros países: Argentina, Uruguai e Paraguai. Na Argentina o vice rei foi deposto em 1810. Formou-se uma junta provisória e seguiram-se lutas entre republicanos e monarquistas. Em 1816, o Congresso de Tucumã proclamou a República das Províncias Unidas do Rio da Prata (mais tarde, República Argentina). O Paraguai libertou-se sem guerras em 1811, num movimento liderado por Yegros e José Francia. O Uruguai, invadido por Portugal em 1816 e anexado ao Brasil como o nome de Província Cisplatina, só tornou-se independente em 1828.
Diante da revolta generalizada, o rei espanhol Fernando VII chegou a pedir ajuda à Santa Aliança, mas os Estados Unidos e a Inglaterra se opuseram à intervenção e reconheceram a independência das Colônias. A posição dos Estados Unidos pode ser resumida na política estabelecida em 1823 pelo presidente James Monroe, que declarava a América para os americanos. A Inglaterra era movida por interesses econômicos, já que os novos países podiam representar mercado seguro para seus produtos.
Sem a ajuda da Santa Aliança, o domínio da Espanha na América chegou ao fim.
As reformas administrativas, políticas e econômicas empreendidas por Dom João na colônia portuguesa acentuaram seu desenvolvimento e favoreceram sua independência em 1822. A presença do rei também ajudou a manter a unidade territorial da imensa colônia, evitando que movimentos diversos a dividissem em várias nações.
Na América espanhola, a ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão enfraqueceu o controle da metrópole sobre as colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou sem êxito proclamar a independência do Vice Reino de Nova Espanha (México). Nova tentativa em 1813, novo fracasso: Hidalgo foi executado.
A conquista da independência veio em 1821, liderada pelo general Itúrbide, que se proclamou imperador. Obrigado a abdicar em 1823, terminou seus dias diante de um pelotão de fuzilamento. O México tornou-se então uma república federal independente.
Outras regiões latino-americanas logo seguiram o exemplo mexicano. Do Vice Reino de Nova Granada surgiram Venezuela, Colômbia e Equador, libertados por Simón Bolívar, respectivamente, em 1819 e 1822. O Vice Reino do Peru deu origem a três países: Peru, Chile e Bolívia.
No Chile, o movimento separatista foi iniciado em 1808 por Bernardo O´Higgins, que, juntamente com José de San Martin, preparou o exército dos Andes para lutar contra os espanhóis. Em 1818, sob o comando dos dois líderes, o Chile foi liberado e O´Higgins feito presidente. San Martín liderou ainda a independência do Peru em 1824, com a ajuda do inglês Lorde Cochrane, que venceu os espanhóis no mar. Em 1825, sob a liderança de Simón Bolívar e Antônio José de Sucre, a Bolívia também tornou-se independente.
Do Vice Reino do Prata surgiram outros países: Argentina, Uruguai e Paraguai. Na Argentina o vice rei foi deposto em 1810. Formou-se uma junta provisória e seguiram-se lutas entre republicanos e monarquistas. Em 1816, o Congresso de Tucumã proclamou a República das Províncias Unidas do Rio da Prata (mais tarde, República Argentina). O Paraguai libertou-se sem guerras em 1811, num movimento liderado por Yegros e José Francia. O Uruguai, invadido por Portugal em 1816 e anexado ao Brasil como o nome de Província Cisplatina, só tornou-se independente em 1828.
Diante da revolta generalizada, o rei espanhol Fernando VII chegou a pedir ajuda à Santa Aliança, mas os Estados Unidos e a Inglaterra se opuseram à intervenção e reconheceram a independência das Colônias. A posição dos Estados Unidos pode ser resumida na política estabelecida em 1823 pelo presidente James Monroe, que declarava a América para os americanos. A Inglaterra era movida por interesses econômicos, já que os novos países podiam representar mercado seguro para seus produtos.
Sem a ajuda da Santa Aliança, o domínio da Espanha na América chegou ao fim.